| MARIA JOSÉ VETTORAZZI ( BRASIL - ESPÍRITO SANTO )
 Membro  da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras e na Antologia Feminina  Espírito-Santense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito  Santo — IHGES. Co-fundadora e Presidente por dois mandatos do Instituto Frei Manuel Simón -  IFMS, hoje Presidente de Honra dessa Instituição que trabalha na preservação do  Patrimônio Arquitetônico, Histórico e Cultural do sul do ES.
 Membro da Societá di Castelo — FLIC, 2014, tendo recebido uma exposição  de seus trabalhos literários e acervo.
 Dirigiu o documentário Lembranças Camponesas, lançado  em outubro de 2014, parceria entre IFMS e  SECULT - ES.
 Colunista social da Revista Vida & Comércio, Castelo - ES.
 Colunista social da Revista Vida & Comércio, Castelo - ES.
 Co-fundadora e Presidente da Academia Literária Castelense.
 Homenageada com o troféu e Medalha Castro Alves e a Comenda do Clube dos  Trovadores Capixabas, em julho de 2017.
 Autora dos livros: “Sob os segredos do tempo”, 2004 , Muiraquita; “O quarto  das moças”, 2016, Scorcesse e
 “Nos caminhos de Madalena” Scorcesse, 2019.
 Contato: vettorazzi@gmail.com
 
   
                    
                      
                        |  |  POETAS E ESCRITORES  BRASILEIROS. Antologia. Clério José Borges (Org.)   Vitória, Espírito  Santo.  Editora Canela Verde, ACLAPTCTC,  2020.  290 p. ilus. ISBN 978-65-991059-9-0-6     No. 10 898
 Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
 
 
 RAÍZES
 
 Tenho raízes,
 Infincadas no chão do Universo
 Como âncoras de um navio de emoções.
 
 Tenho raízes,
 Raízes profundas, densas,
 Capazes de desenhar ao sol
 Traços sutis, sombras de um tempo.
 
 Raízes...
 Capazes de esculpir ao vento
 Cadeias de montanhas.
 E não ruir.
 
 
 TARDES  DE DOMINGO
 
 Nas  tardes de domingo,
 Em outros tempos
 Era-nos dado o tempo de brincar.
 
 E corríamos pasto acima... pasto  abaixo...
 
 Nos escondendo atrás dos  assa-peixes, araçás...
 Deixando atônitos os coleiros,  tico-ticos, sabiás...
 Que voavam agitados para lá e para  cá.
 
 Pés descalços sobre os espinhos...
 Sob a silhueta da tarde e do nariz  do luar...
 Corríamos por horas,
 Até a noite chegar.
 
 Quantos risos, quanta alegria...
 Quantos arranhões e dedos quebrados.
 
 Nas tardes de domingo
 Era-nos dado o tempo de brincar...
 Mas, para nós, todas as tardes  pareciam de domingo
 Até  a hora dos assovios de Papai, do seu Nelson, Seu Deodoro,
 Para depois tomarmos a água benta
 Que  mamãe não se esquecia,
 E  só depois dormirmos em sonhos...
 Sonhos bons e fantasias...
 
 Hoje, noutro tempo
 Só o simples riso abafado,
 Por segundos, pela pressa,  transpassado,
 Que nos condena, assim, a seguir
 Para algum lugar.
 
 
 NOITES DE OUTONO
 
 O mesmo luar lá fora
 Estendia-se sobre as mesmas noites  de outono.
 O tempo não modificara nada,
 Tão pouco as pessoas.
 
 Olhei para os montes,
 Vi ainda as luzes de meus sonhos,
 Refletidas.
 Ouvi o sussurro do vento longínquo,
 Ecoando,
 Cheguei a Casa.
 
 Em cada objeto, muitas  lembranças...
 De acontecimentos simples,
 Que somam existências infinitas.
 
 O luar lá fora
 Estendia-se sobre mim,
 Saudando-me, e
 Convidando-me a recebê-lo
 Em outros dias, em outras noites de  outono...
 Então, fiquei.
 
 Castelo,, 06 de janeiro de  2004.
 
    QUEM É ESTA  MULHER?
 Quem é esta Mulher
 Que embala o seu filho
 Sem que ele cante?
 
 Quem é esta Mulher
 Que caminha solitária
 Que a todos fala
 Sem que é ouvida?
 
 Quem é esta Mulher?
 E quem somos nós,
 Que não a ouvimos?
 
 Que sociedade formamos?
 Assim, a formamos...
 
 São tantas Marias,
 Casadas com tantos Josés.
 Que embalam os seus filhos
 Que cantam a seus filhos
 Sem que eles cantem.
 E não são ouvidos.
 
 Vitória - ES 12-02-1996.
   *VEJA  e LEIA outros Poetas do ESPÍRITO SANTO em nosso Portal:
 http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/espirito_santo/espirto_santo_index.html
 Página  publicada em outubro de 2025.
 
 |